23 de dez. de 2007

MÃES TAMBÉM PRECISAM DE COLO


Resumo de trabalho publicado em pôster e nos Anais do
II Congreso del MERCOSUL / I Congreso Latinoamericano de Arte Terapia

14, 15 e 16 de novembro de 2007, Buenos Aires – Argentina
Mães de portadores de sofrimento psíquico carregam uma bagagem pesada e muita insegurança quanto ao futuro. Fadiga crônica, angústia, dor e contínua sensação de esvaziamento são comuns. Sem espaço de sentir, são jogadas de cá para lá buscando melhores condições para os filhos. Este artigo registra o trabalho arteterapêutico desenvolvido no Centro de Prevenção e Intervenção nas Psicoses (Porto Alegre, 2004) com o objetivo de apoiá-las dando-lhes acolhimento, espaço de expressão e partilha, contato físico e afetividade. Batalhar pelo filho, pela sua sobrevivência e contra o tempo, daí o cansaço. Foi preciso resgatar o direito de falarem sobre si mesmas, acostumadas que estão a repetir sua história focando o filho especial. Quando pensavam em alguém que não fosse ele, lembravam dos (ex)maridos, pais, configurando a necessidade de colo e de apoio. Estavam sempre em movimento buscando equilíbrio. Inicialmente, foram figuras sem pernas que apareceram nos seus trabalhos. Não ter pernas é não poder seguir, não ter controle da própria vida: a marcha é impossibilitada e os vínculos sociais mais difíceis. Num dos últimos encontros, o grupo utilizou fios de lã coloridos, numa vivência com música. O resultado apareceu sobre o papel pardo e lápis de cera: a imagem de alguém correndo desatinadamente.A Arteterapia possibilitou-lhes um olhar amplo sobre si mesmas: expressaram o desejo de novos caminhos, de serem valorizadas socialmente, de sair do círculo familiar limitador e ter o direito e poder concretizar projetos de vida.